Esta história envolve uma das mais espetaculosas iniciativas dos revoltosos de 1924.
Um avião Oriole, biplano de fabricação norte-americana, confiscado da aviadora Teresa de Marzo, "uma das glórias do feminismo paulista, conhecida em todo o país por ter sido a primeira mulher a pilotar um avião no Brasil" deveria decolar de São Paulo com o objetivo de lançar, sobre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, "30 mil folhetos, com o objetivo de esclarecer a população sobre os verdadeiros motivos do levante".
Um avião Oriole, biplano de fabricação norte-americana, confiscado da aviadora Teresa de Marzo, "uma das glórias do feminismo paulista, conhecida em todo o país por ter sido a primeira mulher a pilotar um avião no Brasil" deveria decolar de São Paulo com o objetivo de lançar, sobre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, "30 mil folhetos, com o objetivo de esclarecer a população sobre os verdadeiros motivos do levante".
Mas o ponto alto da operação era lançar sobre o telhado do Palácio do Catete, sede do governo federal, uma bomba com três quilos de dinamite.
Definida a ação, o avião levantou vôo do Campo de Marte, em São Paulo, rumo ao Rio de Janeiro. Problemas mecânicos obrigaram que o avião fizesse pouso forçado próximo às fronteiras dos estados de São Paulo e Rio. Prá vocês o trecho em que Emigdio Miranda, mais tarde um importante auxiliar de Prestes, camarada de sua estrita confiança, conta, ao General Isidoro, o desate da ação de guerra:
Definida a ação, o avião levantou vôo do Campo de Marte, em São Paulo, rumo ao Rio de Janeiro. Problemas mecânicos obrigaram que o avião fizesse pouso forçado próximo às fronteiras dos estados de São Paulo e Rio. Prá vocês o trecho em que Emigdio Miranda, mais tarde um importante auxiliar de Prestes, camarada de sua estrita confiança, conta, ao General Isidoro, o desate da ação de guerra:
"- General, temos notícias do Eduardo Gomes.
A voz de Emigdio Miranda explode na plataforma e devolve o general à realidade. Apesar da delicadeza da situação, Emigdio não esconde a alegria ao revelar que Eduardo Gomes e o piloto Carlos Herdler conseguiram fugir depois de realizar um pouso de emergência. Durante a viagem, o avião sofreu superaquecimento no motor, por problemas no radiador, e foi obrigado a descer num brejo.
- Os dois estão bem e deverão chegar dentro de um ou dois dias.
A informação chegara ao QG trazida por um lavrador que esteve pessoalmente com Eduardo Gomes e o piloto logo depois que abandonaram o avião. O homem contou que os dois só não foram presos porque o tenente Eduardo Gomes era o dono de surpreendente presença de espírito. Além de convencer o delegado de que estava diante de um oficial legalista, ainda proibiu que qualquer pessoa se aproximasse do Oriole, porque havia o risco de explosão.
Emigdio imita a voz e o jeito tímido e distraído de Eduardo Gomes falar:
- O senhor deve manter esta área interditada até receber instruções superiores. O Exército vai mandar ainda hoje técnicos para retirar os explosivos que estão no avião.
- Sim senhor, meu comandante. Não vou deixar ninguém chegar perto dessa coisa...
Isidoro não consegue conter o riso diante da coreografia de gestos e expressões que Emigdio utiliza, com raro senso de humor, ao reproduzir a conversa do tenente rebelde com o delegado caipira. O general deixa escapar um riso largo quando ouve Emigdio contar que, enquanto o local era isolado por uma força policial, Eduardo Gomes se afastava tranquilamente da cidade, montado num cavalo cedido pelo prefeito de Cunha."
- ILUSTRAÇÃO: O avião confiscado de Tereza de Marzo, utilizado na operação frustrada de ataque ao Palácio do Catete.
Um comentário:
Gostei da descoberta que minha filha fez dessa história, pois o piloto "Carlos Herdler" foi meu avô materno.
Meu nome é José Carlos Lopes e minha mãe, ainda viva com 90 anos, chama-se Hella Herdler Lopes, moramos em Curitiba-Pr, meu e-mail é jc7lopes@gmail.com
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