"As citações em meu trabalho são como bandidos de beira de estrada que repentinamente surgem armados e tomam de assalto as convicções dos passantes." (WALTER BENJAMIN)
"Como pode alguém tornar-se um pensador sem passar pelo menos um terço do dia sem paixões, pessoas e livros?" (NIETZCHE)
"É necessário mais espírito para prescindir de uma palavra do que para empregá-la." (PAUL VALÉRY)
"Quanto mais de perto se encara uma palavra, com mais distância ela nos encara de volta" (KARL KRAUS)
"Há filósofos que são, em resumo, tenores desempregados" (MACHADO DE ASSIS)
"Uma nota diplomática é semelhante a uma mulher da moda. Só depois de se despojar uma elegante de todas as fitas, rendas, jóias, saias e corpetes, é que se encontra o exemplar não correto nem aumentado da edição da mulher, conforme saiu dos prelos da natureza. É preciso desataviar uma nota diplomática de todas as frases, circunlocuções, desvios, adjetivos e advérbios para tocar a idéia capital e a intenção que lhe dá origem." (MACHADO DE ASSIS)
"A escola e a universidade deveriam servir para fazer entender que nenhum livro que fala de outro livro diz mais sobre o livro em questão; mas fazem de tudo para que se acredite no contrário" (ITALO CALVINO).
"O LIVRO DAS CITAÇÕES" - EDUARDO GIANNETTI
Não é incomum, no mercado editorial, o lançamento de livros com pensamentos, aforismos e citações. Tanto que a crítica criou um termo para batizar obras do tipo: são os Frase Books. Mansour Challita, Millor Fernandes, Ruy Castro e Roberto Duailibi já fizeram bonito neste campo.
De se recordar que o apelo e a sedução das frases foi consagrado em obras populares como os Almanaques que eram graciosamente distribuídos nas farmácias, nas Seleções Reader Digest e nas seções de jornais, notadamente os do interior. Ninguém menos que Benjamim Frankilin dedicou-se a frases, ao reunir, em mais de um livro, pensamentos populares e aforismos que renderan os primeiros best-sellers; aí, entratanto, a qualidade literária era outra da que tratamos aqui.
É fantástico encontrar numa frase curta, de poucas linhas, dissecado quase que um sistema inteiro, definido, explicado. Os que detêm esta capacidade para a síntese já ganharam até um qualificativo: São os frasistas. Nelson Rodrigues e Stanislaw Ponte Preta são exemplos natos da classe.
Mas o livro de Giannetti tem um quê que o diferencia das boas coletâneas de citações antes mencionadas: A trama que tece o conjunto e o modo de disposição das citações são trazidos no formato de um livro, a principiar, à guisa de prefácio, por dezenas de citações sobre o próprio, na introdução, ou melhor, no prefácio, assim intitulado: "Da inutilidade dos prefácios". O fato é que a obra tem um encadeamento capitular que nos dá a impressão que se lê não um rol de citações, mas um algo uno, próprio, ou, pelo menos, muito bem cimentado. Divertido, instigante, profundo, compreensível; eis uma obra que trará contentamento a muitos leitores.
Na coluna ao lado, detalhe da capa do livro; dê um CLIQUE na capa para ouvir entrevista do autor, concedida à jornalista Tania Morales, da CBN. São oito minutos de conversa com a repórter. Giannetti fala de um dado curioso: sua dificuldade em reter o conteúdo das leituras, na juventude, o estimulou a colecionar trechos de livros. E o resultado disso, depois de trinta e tantos anos, culminou com a edição deste futuro clássico. O autor explica, ainda, que uma das razões que o levou a compor a obra foi a de tentar provocar o interesse dos novos estudantes pela leitura das títulos consagrados.
Passe numa livraria, perca uns minutos com o livro e será difícil você sair de lá sem ele debaixo do braço. Como indez, deixo aqui frases curtas extraídas do livro, escolhidas ao léu:
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2 comentários:
Muito bom!
Dei uma parada no meu passeio para ler um pouco de tudo aqui.
Muito legal..
Abraço!
Neo
Comecei a ler o livro ontem e não penso em outra coisa. Instigante e provatico o capítulo CONTRA O EXCESSO DE LEITURA com citações sobre a busca do conhecimento por meio da reflexão e não por meio da leitura. Confesso que fiquei atordoado com a leitura deste capítulo. Afinal, como ele poderia ser escrito sem a leitura? Gosto muito de ler e de refletir. Porém, ainda não havia refletido sobre o que aborda este capítulo. Preciso de um tempo para me situar. Obrigado, Giannetti.
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