"Denunciei a fome como flagelo fabricado pelos homens,
contra outros homens."
(Josué de Castro)
contra outros homens."
(Josué de Castro)
O trecho abaixo reproduz os dois primeiros parágrafos do clássico "Geopolítica da Fome", obra dos anos 40/50 do Séc. XX, escrita por um dos mais importantes cientistas brasileiros, o médico Josué de Castro. Dele, também, outra obra consagrada: "Geografia da Fome". Em ambos os títulos Castro mostra que a fome não é um fenômeno natural, mas impiedosa injunção política a submeter largas camadas da população a "...esta praga social criada pelo próprio homem..."
"A HISTÓRIA DA HUMANIDADE tem sido, desde o princípio, a história de sua luta pela obtenção do pão-nosso-de-cada-dia. Parece, pois, difícil explicar e ainda mais difícil compreender o fato singular de que o homem - este animal pretensiosamente superior, que tantas batalhas venceu contra as forças da natureza, que acabou por se proclamar seu mestre senhor - não tenha até agora obtido uma vitória decisiva nesta luta por sua subsistência. Basta ver que, depois deste longo período de algumas centenas de milhares de anos de batalha, hoje se verifica, sob critério de observação científica, que cerca de dois terços da população do mundo vivem num estado permanente de fome; que cerca de um bilhão e meio de seres humanos [dados de 1946, FAO] não encontram recursos para escapar às garras da mais terrível de todas as calamidades sociais.
Será a calamidade da fome um fenômeno natural, inerente à própria vida, uma contingência irremovível como a morte? Ou será a fome uma praga social criada pelo próprio homem? Eis o delicado e perigoso assunto debatido neste livro. Assunto tão delicado e perigoso por suas implicações políticas e sociais que até quase os nossos dias permaneceu como um dos tabus da nossa civilização - uma espécie de tema proibido ou, pelo menos, pouco aconselhável para ser abordado publicamente."
Ilustração: O cientista Josué de Castro.
Ilustração: O cientista Josué de Castro.
2 comentários:
Um visionário autêntico, já em meados de 1945 com extrema visão fez uma analogia sucinta, do fénomeno: chamado fome
Um visionário autêntico, já em meados de 1945 faz uma analogia sucinta do fénomeno chamado: fome universal.
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